O projecto
"A experiência
diversa do olhar"
Quantos pensamentos ideias ou sonhos atravessam a obscuridade da mente
sem se fixarem no presente não mais que o instante em que fulgem
como estrelas cadentes.
As imagens carregam consigo o tempo que as revela. À medida que
se sucedem ou se esgotam no instante, ou flutuam espectrais revisitando-nos
de tempos a tempos, ou se materializam e perduram um pouco mais, até
que se dispersem na profundidade do todo e sempre.
O prazer de fazer as coisas resulta, em parte, da possibilidade de as
integrar no tempo, de lhes conferir uma presença que subsista
um pouco mais do que os momentos fugazes em que se tece a nossa imaginação.
O tempo que tudo dissolve e recria na metamorfose sucessiva das aparências
do real também é o tempo que se renova e recria nas novas
gerações e incessantemente, se reproduz noutros seres
e outras coisas.
Inconstante como o tempo mas consonante com a reprodução,
o erotismo é por natureza mais impreciso: diz mais respeito às
estratégias do desejo, do sonho e da sedução do
que ao rigor especulativo da razão.
A realização desta série de medalhas eróticas
evoca, por um lado, a indeterminação do sonho e da fantasia
relativo às circunstancias em que a sugestão se nos deparou
numa conversa informal entre amigos, e por outro, lembra a determinação
da vontade que pela forma se reuniu para, de feição com
os materiais lhes configurar o corpo-medalha, anverso e reverso, da
experiência cada olhar diverso.